Ana Cristina Manente, presidente da Associação de Funcionários do Iamspe (Afiamspe)

Sou enfermeira há mais de 20 anos no HSPE e atualmente estou como presidente da Associação dos Funcionários do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Afiamspe). Nesse momento de pandemia, fui convidada para integrar o comitê executivo de enfrentamento à Covid-19 para direcionar os trabalhos. Coloquei-me à disposição da gerência da Enfermagem e da Diretoria para auxiliar no que fosse preciso. Atuei coletando sangue para testagem dos funcionários que trabalharam na linha de frente e também no guarda-volume no Prédio da Integralidade - local onde os colaboradores deixavam seus pertences antes de se paramentarem.

Trabalhar nesse momento foi muito angustiante, porque nunca pensei em passar por uma pandemia. Diariamente vejo nossos colegas expostos ao novo coronavírus.

Algumas ações tomadas pela direção do HSPE evitaram uma proporção maior de contágio, graças ao trabalho realizado pela equipe do comitê executivo coordenado pela Dra. Andrea Almeida, infectologista, e Dra. Katia Antunes, diretora técnica da instituição, que foram fundamentais para a tomada de decisões.

Nesse período, tivemos algumas conquistas para o trabalhador, como o estacionamento para os funcionários. Para todos nós, a pandemia trouxe uma lição, um modo de pensar diferente e  de considerar ainda mais o próximo. Muitas coisas ainda precisam ser alinhadas, mas serão feitas na pós-pandemia, pois essa crise ainda não acabou. Nós, da área da saúde, corremos mais riscos de contrair a doença. Os trabalhadores são afetados psicologicamente, com medo da contaminação e, por isso, teremos muito trabalho pela frente.

Os funcionários do Iamspe estão deixando um legado para o futuro. Muitos ali nunca imaginaram passar por uma pandemia ou expor suas vidas dessa forma. Levaremos desse tempo a experiência de trabalho e a solidariedade. Cada um vai levar consigo essa bagagem compartilhando histórias e escrevendo o que foi vivido.

As únicas pessoas que não ficaram isoladas nessa pandemia foram os profissionais da saúde. Fomos essenciais em todos os momentos, mas ficamos amedrontados e apavorados com a iminência da morte dos nossos colegas e familiares. Dias melhores virão e, com certeza, a pandemia despertou o desejo humano de nos importarmos mais com a dor do outro.

Governo do Estado de SP