Augusto Yamaguti, diretor do Serviço de Infectologia

O legado que esta pandemia deixa para mim é poder conhecer melhor as pessoas com as quais posso contar, a exemplo dos médicos do Serviço de Infectologia, setor no qual estou como diretor, e a todos os colegas do grupo do Comitê de Crise Covid-19. Para a Instituição, tem sido um grande aprendizado em todas as áreas.

Para mim, um aprendiz do profissional e de vida foi a experiência em que todos se apoiaram nesta luta diária. Além da experiência dos outros colegas dos países que enfrentaram esta pandemia antes de nós.

Fazendo uma retrospectiva, creio que pelo fato do Brasil ter sido atingido pela pandemia da Covid-19 depois da China e da Itália, as informações técnico-científicas geradas por esses países foram úteis para analisar, seguir ou tentar melhorar as orientações de intervenções terapêuticas e não-terapêuticas. Simultaneamente, todos os chamados países desenvolvidos também foram atingidos pela pandemia na mesma época em que o Brasil. Isso gerou mais informações em curtíssimo intervalo de tempo. Dentro desta imensidão de publicações, tivemos e ainda temos que ter o cuidado de distinguir quais trazem informações ou orientações úteis com embasamento científico rigorosopara aplicação prática em nossas condutas médicas.

Considerando nosso universo aqui no HSPE, tivemos o desafio de mobilizar todo o corpo clínico doHospital para o enfrentamento da pandemia. Com a experiência anterior da China e da Itália, onde os sistemas de saúde chegaram a entrar em colapso pela altíssima demanda, tivemos que em primeiro lugar, constituir um Comitê de Crise Covid-19. Esse ajudou a organizar os serviços médicos das especialidades clínicas para o combateaos reflexos da pandemia sobre ospacientes atendidos pelo Iamspe. 

O resultado dessa mobilização foi positivo, fruto das decisões tomadas pelo Comitê de Crise Covid-19, que nunca subestimou as projeções da proporção da nossa demanda a ser atendida. Iniciando com a constituição de uma unidade de atendimento específico para os pacientes da pandemia, o Gripário, e a abertura progressiva de alas de enfermarias para acomodar os pacientes internados, o mesmo ocorrendo com os espaçosdeUnidade de Terapia Intensiva (UTI). Os serviços de diagnósticos envolvidos (Laboratório Clínico e Serviço de Diagnóstico de Imagens) tiveram que redimensionar suas rotinaspara atender a nova demanda, além de continuar oferecendo assistênciaaos pacientes não Covid-19. A perfeita integração multidisciplinar dos serviços de apoio: Enfermagem, Fisioterapia, Nutrologia e Nutrição,Terapia Ocupacional, Cuidados Paliativos e Psicologiafoi motivo de grande satisfação no resultado do atendimento dos pacientes graves.

O Gripário foi um grande desafio, pois essa unidade foi constituída com serviço médico terceirizado, sob supervisão do Serviço de Infectologia do HSPE. Essa foi a porta de entrada dos pacientes no Hospital. O início foi difícil, mas dentro do esperado, considerando que todos os profissionais da área da saúde próprios do HSPE e do serviço terceirizado passaram a lidar com uma doença nova com características distintas.Aos poucos, fomos aprendendo a entender e a dominar cada vez mais o atendimento e tratamento da Covid-19. Estamos longe de dizer que conhecemos tudo sobre esta nova doença. Ainda a encaro como um livro em aberto, com capítulos a serem escritos e reescritos. Com o decorrer do tempo todos fomos nos acertando, sendo que hojeconsideramos que estamos cumprindo bem a nossa tarefa.

Não tenho palavras para expressar a intensidade e o tamanho do meu agradecimento a todos os meus colegas (médicos-assistentes e residentes) do Serviço de Infectologia, pelo ótimo trabalho desenvolvido.Apesar dos percalços pessoais, uma vez que vários de nós adoecemos de Covid-19todos estiveram e continuam procurando dar o melhor de si, fazendo o possível e o impossível para continuar atendendo bem e cada vez melhor nossospacientes.

Não posso deixar de enaltecer a equipe que foi formada para compor o Comitê de Crise Covid-19 do HSPE, que sempre foi coesa nas ideias e nos objetivos traçados. Forammuitos acertos e, felizmente, poucos erros, mas que esta união de equipe foi a pedra fundamental para cumprirmos bem a nossa missão diária.Registro aqui a menção especial aos colegas da UTI do HSPE, que, sob coordenação ímpar,obteve ótimos resultados.Eles conseguiram em muitos aspectos resultados superiores aos melhores centros de medicina intensiva do país.

E, finalmente, agradecer àqueles outros colegas dos diversos serviços clínicos (médicos-assistentes e médicosresidentes)e atodos os serviçosde diagnóstico e de apoio, com os quaissabemos quepodemoscontar sempre, e que sem a ajuda deles não teria sido possível alcançar os bons resultados que obtivemos neste trabalho.

Meu muito obrigado a todos pela dedicação, esforço e sacrifícios que passamos juntos trabalhando na pandemia.

Governo do Estado de SP