Maria Angela de Souza, diretora do Centro de Desenvolvimento em Ensino e Pesquisa (Cedep) e do Serviço de Nutrologia

Já estávamos pensando em implantar a Telemedicina aqui no Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe). Com a pandemia da covid-19 surgiu a preocupação com os pacientes que estavam em casa, sem orientações dos seus sintomas e sem a avaliação de um médico. Ao mesmo tempo, tínhamos o receio de sobrecarregar o Pronto-Socorro (PS) do Hospital do Servido Público Estadual (HSPE). Então surgiu a ideia de implantar o atendimento para covid-19 via telemedicina para fazer o primeiro contato e direcionar os casos que estivessem numa situação mais grave ao PS.

Foi montada uma estrutura com linhas telefônicas e computadores separados por guichês de a crílico para o médico ter privacidade durante as consultas. Com ajuda do call center, o paciente respondia um questionário e era transferido para telemedicina covid-19 do Iamspe.

Formamos um time com médicos de diferentes especializações para realizar os atendimentos. Criamos uma ficha com perguntas padrão. Nela continha perguntas sobre sintomas, doenças anteriores, histórico familiar etc. De acordo com as respostas, tínhamos uma classificação para sintomas leves, moderados e graves da covid-19. Dependendo da situação, os pacientes eram orientados a ir ao Gripário. Os demais eram acompanhados remotamente com o retorno por telefone no dia seguinte. Dessa forma, conseguimos tratar 85% dos sintomas leves em casa.

O resultado foi surpreendente,95% dos pacientes ficaram satisfeitos com as consultas on-line. Muitas vezes, aquela pessoa já estava com medo de ir ao Hospital eter um médico ouvindo as queixas, acolhendo e monitorando fez a diferença durante os momentos de insegurança e medo de contaminação pela covid-19.

A regulamentação da Telemedicina durante a pandemia foi muito importante para o trabalho que executamos. Aqueles profissionais que tinham receio de atuar na modalidade se sentiram seguros. A experiência foi tão positiva que algumas especialidades já começaram a atender dessa forma. Áreas como: nutrologia, medicina do esporte, fisiatria e fisioterapia já estão atendendo remotamente. Outras estão aguardando apenas alguns ajustes técnicos para dar início aos atendimentos.

Ainda estamos enfrentando a pandemia, então, precisamos respeitar o isolamento e evitar deslocamentos desnecessários. O Hospital atende uma população grande de idosos - quase 60% dos nossos pacientes. Destes, cerca de 5 mil idosos têm mais de80 anos. Nosso público faz parte do grupo de risco que pode desenvolver quadros graves da covid-19 e, por isso, precisa ser preservado.

Superamos muitos desafios, isso porque não havia legislação que desse segurança aos médicos para que exercessem a Telemedicina num hospital público. Com a regulamentação do Ministério da Saúde, do Conselho Federal de Medicina e com a Lei Federal, os profissionais se sentiram mais à vontade e respaldados para atender aos pacientes.

Sinto muita gratidão pelas pessoas que aceitaram esse desafio, que fizeram a diferença para esses pacientes. Parabéns para essa equipe! A Telemedicina é uma modalidade que veio para ficar no pós-pandemia. Ela é eficiente e segura!

Governo do Estado de SP