Maurício Ventura, diretor do Serviço de Geriatria

Essa pandemia nos trouxe muito aprendizado. Nunca, em 34 anos de formado, vivi qualquer coisa parecida. O pior já passou, embora ela ainda não tenha terminado. Vamos levar essa lição para outras doenças e situações que eventualmente requeiram uma avaliação objetiva do geriatra em relação a prognóstico, benefício e planejamento de tratamento de idosos.

Tivemos uma quantidade de internações muito grande. Chegamos a ficar com 60, 70 pacientes por dia. Dois terços deles com diagnóstico de covid-19. Como os ambulatórios foram pausados, os médicos assistentes e residentes se juntaram aos da enfermaria e foram divididos em dois grupos: um para atender os pacientes com covid-19 e outro para os que não tinham o novo coronavírus. Tomamos todos os cuidados de assepsia e prevenção para evitar a contaminação da equipe.

A taxa de mortalidade da população atendida por nós da Geriatria foi bastante elevada, cerca de 50% dos pacientes contaminados pelo novo coronavírus vieram a falecer. Eram idosos frágeis, portadores de doenças crônicas, muitas comorbidades e em fase final de doença. Foi bem complicado e desgastante. Uma situação que envolveu e requereu a ajuda de toda a equipe da especialidade para superar as dificuldades.

Ajudamos a administração do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE)a desenvolver estratégias de atendimento para não sobrecarregar o sistema de saúde e os colegas intensivistas. O objetivo era dar o tratamento adequado àqueles pacientes mais fragilizados e doentes.

Foi um processo difícil, mas, com certeza, vamos passar por tudo isso esair dessa pandemia melhores do que quando entramos.

Governo do Estado de SP