Thaís Guimarães, infectologista e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do HSPE

A pandemia causada pelo novo coronavírus surpreendeu o mundo, e por mais que nós infectologistas já tivéssemos vividos outras epidemias, não esperávamos tamanha proporção. Já havíamos passado pelas de dengue, influenza, sarampo e febre amarela, mas todas temporária se com o advento de termos, para algumas, vacinas.

Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou emergência de saúde pública internacional e logo em seguida a pandemia, ficamos em alerta esperando o primeiro caso chegar ao Brasil. Não tardou para que fosse registrado o primeiro caso em São Paulo, o qual se disseminou numa velocidade catastrófica.

Tivemos que nos adaptar rapidamente transformando os hospitais também com áreas covid-19. Foi tudo muito rápido e tenho a sensação de que o tempo passou muito mais rápido do que já passava. O dia começava cedo e a manhã acabava logo emendada na tarde e à noite.  Para mim, era reservada a responder mensagens e telefonemas de colegas inquietos, doentes e cheios de dúvidas. Horas e horas dedicadas a responder todas as mensagens.

O maior impasse foi entender os mecanismos de transmissão da covid-19para poder orientar os profissionais de saúde sobre a melhor maneira de prevenção e utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs). O medo e a insegurança tomaram conta da população, mas também dos profissionais que estavam na linha de frente no combate à pandemia. Foram meses de treinamentos. Não é fácil, frente a uma doença desconhecida, ter que tomar decisões à luz de conhecimentos que são modificados a todo instante com a evolução da doença.

Enxergo um mundo melhor para os infectologistas, especialidade única que previne, diagnostica e trata doenças sistêmicas de diversos aparelhos e enxerga o doente como um todo. Hoje, as outras especialidades aprenderam o que é o R0(taxa de infecção secundária de uma doença).

Mais do que isto, o infectologista sempre exerceu a Medicina baseado em evidências tendo sempre a melhor evidência científica para a tomada de decisões. Nossa especialidade é fundamental para acalmar os ânimos da população durante uma pandemia e da comunidade científica com relação a tratamentos. Nunca a Ciência foi tão importante e ela deverá continuar pautando a evolução do conhecimento.

Governo do Estado de SP